domingo, 28 de fevereiro de 2010

Meu coração


Meu coração bate
Como não sei como
Eu o chuto
Num pontapé - Ouça "Xutos e Pontapés"

Meu coração pede
Não sei o quê
O atendo
Não sei por quê

Meu coração veve
Dizendo que chego
Pra mim basto
Como eu vejo

Meu coração recorre
E eu apelo
Entorno o pêlo
E aperto

Meu coração nem sabe
Eu guardei
Ele perdeu a dele
Queria saber onde

Meu coração virado
Corado
Me coroou
Seu rei

Meu coração sem direção
Apartado na caixa
Vai ser doado
Já castrado

Meu coração não me pertence
Mas está em meu domínio
Insolente permanece
Sem sentir

Meu coração quer parar
Descansa pra depois voltar
Às vezes bate mais forte
Outras com dor

Meu coração, mal acostumado
Permanece rifado
Mas quem dá o lance
É que é levado

Meu coração não quer calar
Mas já está
Rodou
Afundou do outro lado

Perdão, coração
Você, massa amorfa
Crua e oca
Meu consanguíneo
Bate por mim
E eu só te digo
Obrigado, irmão

Eu quero ficar nu


Desde que minha mãe me deu um esporro por conversar muito
na sala de aula, regredi socialmente até me tornar o outsider de
hoje. Acompanhando o isolamento veio a timidez, também
causada pelo impedimento de sorrir por causa dos dois dentes
da frente devidamente quebrados fazendo um sorriso nada bonito.
Oh, que vergonha de sorrir. Dói lembrar. Meus pais tinham
condições de pagar um dentista pra consertar mas pra eles
era coisa menor(enquanto pra mim era tudo...).

Numa apresentação de um desses trabalhos escolares em que
a gente vai na frente e lê qualquer coisa escrita no papel, minha
timidez chegou ao seu auge. Segurava o papel e tremia como se
tivesse tendo um ataque e todo mundo dando risada da minha
cara. Foi o começo do fim para minha timidez. Jamais me
permitiria passar novamente por uma situação vexatória daquela.

E assim se deu. O isolamento continuou firme e forte ao longo
dos anos mas a timidez foi gradualmente passando. As amizades
só não vieram pura e simplesmente por uma divergência de
interesses. Enquanto os outro garotos se importavam com o
tamanho da bunda da Carla Perez e com Jiraya eu descobria
o movimento browniano i.e. nada a ver com nada.

Como a timidez não mais existia surgiu uma nova concepção
de corpo, livre da vergonha, a idéia de lar da alma deu lugar
a de prisão do espírito. E os valores que deviam ser preservados
em relação ao corpo viraram pó, o que tinha valor era tão somente
a mente, onde o homem é capaz de algo mais, por que por mais
que se diga que o corpo humano é perfeito, não é, ele é perfeito
na sua imperfeição, perfeito seria não cagar ou, por que não, ser
auto-suficiente, consumir-se a si mesmo até o esperado fim ou,
ainda, não ter fim. Isso sim não seria injusto chamar de perfeição.

Então queria ficar nu. Um pinto é um pinto, um cu é um cu. Nada
disso tem valor. Foi nesse momento que perdi a moral e criei
a minha versão.

Eu sou racista


Pra fechar uma trilogia, falemos de como se manifesta meu
racismo. Estou me abrindo pra você, por que você não se
abre pra mim?

O racismo implica em impingir a um homem determinadas
características, especialmente de personalidade, de acordo
com a quantidade de melanina que aquele sujeito carrega no
DNA.

Sempre que tenho contato com um sujeito branco penso que
ele não está dando a mínima para o que estou falando. Tudo
o que importa, para ele, é que sou um mulato e ficando
calado ainda estaria errado. Mesmo sabendo, conscientemente,
que nem todo branco tem esse pensamento, é, quase sempre,
assim que penso, é a muleta que preciso para me achar melhor,
por não compartilhar desse nocivo sentimento, mas, contradição
da contradição, me achando melhor por ele, supostamente,
se achar melhor estou compartilhando do sentimento e então
me igualando.

Mas um detalhe não desprezível é que esse jogo, que só eu
dou as cartas pois o outro jogador é inerte, parece se tratar
de uma diversão mental do meu inconsciente. É meu cérebro
brincando com a minha racionalidade. Ele sabe que sentimentos
não me movem, nem sequer levantam meu pau(ou muito menos).
Então ele quer me dizer que eu posso saber de tudo, posso não
ser dominado pelas frequências criadas por ele, mas elas sempre
estarão lá, mas nem eu sirvo ele, destilando irracionalidade, nem
ele me serve, livrando minha cabeça destes pensamentos inúteis,
que em nada me abalam mas definitivamente me tiram o foco das
coisas que realmente me interessam, e "ele" sabe quais são mas
jamais vai se curvar a mim e assim ficamos nesse impasse.

A verdade é que fora esses pensamentos mundanos, me espanto
com minha falta de sentimento(o que não deve ser confundido com
brutalidade gratuita), me sinto como se fosse um juiz universal que
veio para julgar a humanidade, não me achando um Jesus mas
como um Balzac ou Victor Hugo, que nada mais fizeram senão um
julgamento da sociedade.

Eu não tenho orgulho de ser negro


Já que falamos dos escolhidos, falemos agora dos deserdados,
mesmo correndo risco de pegar um processo na cabeça.

Os negros(onde não me incluo nem me excluo pois sou incolor)
costumam dizer que tem orgulho de serem negros. E eu cá com
meus botões: orgulho de quê?

Uma idéia que me vem à cabeça é orgulho da resistência à
escravidão. Oras, diz-nos a lei da inércia que um objeto tende a
permanecer no seu estado e oferecer resistência a qualquer
mudança. E o objeto-homem negro e livre é tirado de seu estado
de liberdade e posto em cárcere e submetido a trabalho forçado.
Nada mais natural que haja a resistência, o objeto era livre e
assim pretende continuar a ser pois têm consciência de não
ser um objeto de menor valor ante ao branco-carcereiro-domador.

Heróismo ocorre com um (desde sempre) objeto bunda-reprodução
passando a ser ativo-reprodutor. De ser mulher acho que teria uma
ponta de orgulho. Mas de negro... realmente não sei onde reside.

Mas também não nos avexemos. Mais vale orgulho que vergonha.
Ao menos quando não machuca ninguém.

Houve o Holocausto. E daí?


O Holocausto foi o extermínio de judeus por parte dos nazistas
por motivos econômicos.

Aí eu digo: e daí? No que isso implica? Por isso os judeus são
mais ou menos dignos de compaixão? A escravidão condenou
muitos mais milhões à servidão e posterior miséria. E daí?
Foda-se. Circunstâncias. Dominou quem pôde, não dominou
quem não soube fazê-lo.

Não existem povos mais ou menos bondosos. São as
circunstâncias que fazem com que perdure uma organização tribal
em alguns países da África, foram circunstâncias que fizeram
os europeus desenvolverem a navegação em longas distâncias
antes dos ameríndios e foram circunstâncias que fizeram os
judeus espalharem-se pelo mundo. Foram as circunstâncias que
talharam o talento deles para os negócios e foi esse talento que
causou inveja no fürher e as circunstâncias advindas da 1ª grande
guerra causaram sua subida ao poder lhe dando as armas para
exterminar aqueles que considerava empecilhos para o
desenvolvimento alemão(ou dos alemães).

Os judeus causaram, os negros causaram, os japoneses causaram
suas duas bombas. São todos culpados de suas vitimações. Vão
receber bônus por isto? Por não terem chegado primeiro?

E não me confunda com Mel, eu sou só uma abelha.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

O educador


Não se encontrava por dentro. Estava a consciência toda fora
e querendo briga. Atiçou e não queria troco. Renegou a crença
maior. De palavra aceitou seu oposto e sofreu dano. Subiu no
ringue abatido dizendo que era tudo um engano, coisa dos seus
curtos anos mas a encenação estava armada e o júri
pré-selecionado queria cruz pra quem nunca foi redentor, queria
o sangue para oblações em memória do bem maior e assim se
deu: foi expulso da congregação. Tudo por E, que ouviu e teve
medo e correu do seu dever.

E, você me ensinou como não ser um educador. Muito obrigado.

Os amantes


D chegou antes de mim. Estava lá esperando. Ofereceu-me uma
colher de tinta e um passeio nas árvores. O que D vê não sei em
mim, mas se repetiria.

D, como quase toda branca, exibia espinhas no seu rosto pálido,
se mostrava atenta aos meus passos e tinha uma barriga e a perna
fina.

D não era linda mas, em como se mostrava atenta, cada vez mais
ficava.

D queria contato pra me afastar no próximo segundo.
Me fez deitar em seu busto e me deu um não na cara.

Na igreja segurei sua mão de nata na minha mulata nata e
ganhei um beijo, não teve gosto de queijo por que foi só
de mão, de amigos longínquos.

Creio que D me quisesse mas M me empurrava e esta, sinto,
mas não descia.

D tinha o braço gelado, não sei mas vivia frio ou eu é que
acho - só uma vez o senti.

Uma vez fui com D pra casa, num fio de cabelo guardado, um
fio louro, talvez castanho se não tivesse pintado.

D viu que eu olhava e passou a mão de um outro bem perto do
seu órgão. Eu odiei mas ainda amava.

D, você devia ter me dado.

Em frente só restaria o degredo.

D, você me ensinou como não ser um amante. Muito obrigado.

*

Especialmente ilustrado por René Magritte

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Arnauld Rodrigues


Foi-se nesta semana o humorista Arnauld Rodrigues. Humoristas não resistem ao tempo devido a mídia por eles utilizada não ser revisitada. Assim mais cedo ou mais tarde Chacrinha e Janete Clair serão esquecidos.

Pois bem, o que poucos sabem é que Arnauld lançou alguns discos e essa sim é uma mídia perene.

Sua fase mais conhecida foi na banda "Baiano e os Novos Caetanos" em parceria com Chico Anysio que chegou a ser popular nos anos 70. Vale a pena dar uma ouvida. Ou não.

Soltem o Arruda já


Estou a partir deste momento encampando a campanha
"Soltem o Arruda por justa leis para os corruptos".

Tem que prender seus bens, prendê-lo é só gasto para os cofres
públicos.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O preço da vida


Condenado por morte no caso João Hélio vai morar
na suíça custeado por ONG.

Vejam pelo lado bom: menos um escroto aqui e se aprontar
lá não tem habeas corpus certo.

Até o kibe repercutiu a notícia.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Quem eu fui um dia nº5


Tony Tornado

O que faço: Ator
O que fazia: Cantor

"Não fosse o tom, eu é que seria o Tim. Agora não mais soul."

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Os Tropicalistas abandonaram o Tom

Para os que acompanham o blog(who?): por sugestão do google não
devo repetir títulos mas esse entraria no isso, é, uma, inverdade.

Tropicalismo ou tropicália, todo mundo sabe o que foi ou pelo
menos acha que sabe. Dizem alguns que houve, no seio do
movimento, pintores e poetas mas a vera é que tradicionalmente
só se fala do tropicalismo como movimento musical.

Os tropicalistas eram Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé, um outro
bahiano aí e mais alguns agregados(valorosos). Os tropicalistas
preconizavam a mistura de diversas artes e origens se utilizando
do rock e dos ritmos nordestinos numa ruptura ensaiada com a
a bossa para no minuto seguinte enamorar-se novamente.

Isso tudo não passa de uma grande mentira quando se trata de
Tom Zé. Gil e aquele outro baiano sempre foram antenados e
receptivos às novidades. Tom, bem, mal sabia quem eram os
Beatles em 1968 e tampouco fazia questão de saber. Tom não
estudou nas mesmas escolas que os dois, Tom era(e é) o
sertanejo, sempre muito mais alinhado a Elomar que a The Doors.

Gil e o outro bahiano, talvez não conscientemente, se utilizaram da
tropicália(gerada por eles, é justo dizer) para se transformarem em
estrelas pop, falem o que quiserem mas foi o que aconteceu,
pegaram a poesia de Torquato Neto, de Capinam, dos irmãos
Campos e de Pignatari, a filosofia de botequim, a sociologia de
araque, o candomblé e o misticismo adjacente e colocaram a
serviço do pop. A serviço de se tornarem pop. Eles são pop,
goste-se ou não; ser pop não significa, somente, vender tantos
discos quanto os finados Sandy e Jr.; ser pop não significa,
simplesmente, emular Kraftwerk, ABBA ou Bee Gees como
alguns pensam.

E Tom Zé nunca foi pop. Tom Zé nunca foi urbano. Tom Zé buscou
o sertanejo que havia no erudito. Ou o inventou. Ou o sugou de sei
lá quem. Tom Zé não foi traído. Tom Zé não foi extirpado. Tom Zé
não foi esquecido. Tom Zé botou um cu(ou fez que botou) numa
capa. Tom Zé rasgou a foto do papa, ops, aí foi a Sinead O'Connor.
Tom Zé nunca foi um tropicalista de direito portanto nunca foi
abandonado.

Não tô

Suavemente pra poder rasgar
Tô te chamando pra te embebedar
Te agradecendo pra poder te esculachar
Te enganando pra não mais te envenenar
Te construindo pra poder inaugurar
Te beijando pra poder te trair
Em ti trepando pra poder escarnecer
Ensimesmando pra poder te responder
Enciumando pra poder te proteger
Envaidecendo pra poder reconquistar
O teu amor que jurei nunca perder
Entristecendo pra poder te alegrar
Enraivecendo pra poder te ignorar
Embrutecendo pra poder te admirar
Enfurecendo pra poder bem te amar
Encarecendo pra você não me pagar
Escurecendo pra você não me gostar
Enriquecendo pra um barraco te comprar
Emburrecendo pra mais desses eu te dar
Eu vou aqui sofrendo pra você gozar

Inspirado em "Tô"(Tom Zé)

Go back

Pois é, estamos de volta. Quem pensou que o penúltimo seria o
último, dançou. Estive tirando o atraso na série americana
"Dexter"; havia assistido a primeira temporada na época da
exibição na tv e só agora comprei o box da segunda e estou
neste exato momento comprando o 7º episódio da terceira
temporada, até amanhã termino de comprar o box da terceira.
Continuo achando a série atraente, o elenco é estupendo mas
sinto falta de alguma coisa.

Além de "Dexter" estive pensando se valia a pena continuar
escrevendo neste blog; fico pensando se algum dia alguém
vai se interessar pelo que escrevo, não que a intenção
seja essa, a intenção sempre foi auto-satisfação mas,
quando essa não ocorre, me satisfaço satisfazendo.

A verdade verdadeira é que eu queria ser uma merda de um
escritor mas não passo de um escritor de merda, não em
termos de conteúdo pois como podem ver nos posts anteriores
só trato de Hegel pra cima. O caso é que creio que tenho um
conteúdo pra mostrar, mesmo alheio a academicismos, mas
falho miseravelmente quando tento fazê-lo, qualquer ficção
sempre descamba para um surrealismo vadio e desinteressante.
Mas também não consigo desistir, é como se Deus estivesse
me dizendo que estou no caminho certo, ele me manda
mensagens dizendo isso, ou pelo menos é no que eu queria
acreditar. É aquela ponta de misticismo que ainda resiste
bravamente no mar de racionalidade.

Fosse uma receita teria uma pitada de Ingmar Bergman,
diluindo ou concentrando, realmente não sei, alta filosofia,
o riso agridoce saudavelmente(?) pedófilo de Woody Allen,
a fixação de Stanley Kubrick, a magia de Spielberg,
a energia de Scorsese, a melancolia de Tarkovsky,
a liricidade de Clarice Lispector, a crueza de Rubem
Fonseca, a ironia de Machado(essa só pra dizer que
sou culto... só li Machado quando criança), qualquer
coisa do Clube da esquina, uma nota de Chopin(mais uma vez...),
se fuder dignamente como Jean Valjean, talvez não tão
complacente e o recheio todo à base dos medalhões da
MPB.

Eu queria isso. Ou morrer. Quem sabe vagar por aí que
o inferno deve de tá cheio e o céu loteado. E aqui tá muito mas
muito chato. E deprimente. E constrangedor. E procrastinador.

*

"Só quero saber do que pode dar certo,
não tenho tempo a perder"
Torquato Neto

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Do caderninho ao selim com vigor


Quando tinha cinco anos e cheguei no Brasil tudo o que eu
queria era ser o caderno da menininha, poder acompanhá-la
por todos os cantos, ficar do seu ladinho e dormir no
seu quarto. Depois cresci e passei a querer mais, quis ser o
selim e quis ficar molhado.

Houve um tempo,
quando eu era menino,
Que pra poder ficar juntinho de você
Eu queria ser o seu caderninho

Mas o tempo passou
E não queria mais só ficar juntinho
Queria ser o banquinho da bicicleta
Pra sentir seu ânus suar

Pra ficar bem perto da vagina
Queria ser sua calcinha

...

....

...morder o seu grelinho, gozar na sua garganta...
....
....
....
....

...O meu gozo vai
A tardinha cai
O meu gozo vem
Te trazer um neném
...

...Ó, dá-me tu, com vigor...
...
..
.

Adaptado de "O caderninho"(Olmir Stocker),
"Selim"(Cristiano Telles, Raimundos), "Vai Serginho!"(Mc Serginho)
e "O barquinho"(Bôscoli/Menescal)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A poesia é sagrada mas eu sou pagão


A poesia não é livre
-A poesia é sapeca
Poesia quer rima
-Roga por métrica

Poesia é presa fácil dos estetas
Mas não pode Chico ser poeta
Se Clarice não o era

Poesia não é moral
Pode te ferir na jugular
Te virar do avesso

Poesia não pode ser desenhada
Não pode ser transcrita
Para outra plataforma
-Não cuspa na poesia

Poesia não é desfrutável
-Não pense em fodê-la
Não é amigável
-Não tente entendê-la
Não é sociável
-Tem alto grau de autismo

Poesia não é representável
-Isto é crime inafiançável
Poemas não são frutas
Poetas não são árvores
Antologias não são pastos

Poesias não têm parentes
-Nascem transplantadas
Um poema é, de longe,
A maior Arte
Um mandamento
É não tentar alcançá-lo

São diamantes lapidados
-Sem valor de mercado
Flores secas com cheiro de molhado
Poesias são poeiras de estrelas
São totens para os amados

Remédios caros
Cadarços de lã
Pullovers de lycra
Sapatos de chuva
Fortalezas de recifes de coral

Poesias são o natal
O reveillon e a ceia
Podem ser fatais
Deixando alguém viver
Podem ovular
E ejacular sem nem saber

Poema é engenharia sem fundação
Arquitetura desprovida de medidas
É ponte pênsil
Edifício sem pé-direito

Não dói parir um poema
Pois eles gestam para sempre.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O sucesso de house é um mistério


House é um daqueles produtos que têm tanta qualidade que
é difícil explicar a sua enorme aceitação popular. É muito
cômodo aceitar a teoria de que tudo o que é popular não
presta e tentar a todo custo encaixar as exceções na teoria.
Assim podemos explicar o sucesso da segunda fase dos
Beatles a partir da "pobreza" da primeira fase, explicamos
a popularidade de Billie Holiday a partir de um contexto
histórico ou podemos explicar a fama de "The Godfather"
por sua violência.

Não podemos(ou estou sozinho nessa?) aceitar que um
sujeito adepto do idioma miguxês, por exemplo, consegue
enxergar as qualidades inerentes a um produto(pois se
se vende é um produto) do quilate de House ou dos citados
anteriormente. Queríamos mesmo que fosse só nosso e de
mais ninguém pois o povo pode até gostar mas não é capaz
de apreciar como se deve algo que exija um alto nível
intelectual para a sua geração.

A melhor explicação, na minha opinião, é que uma obra
popular de qualidade é feita de camadas; tem a camada
superficial que todos vão entender e a muitos vai agradar
e outras camadas que servirão para os interessados em algo
mais que mero entretenimento. É libertador mas também
não é uma verdade absoluta. Taí CSI pra provar o contrário.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Asfixiação erótica


Asfixiação erótica é a prática de se enforcar enquanto
se masturba para aumentar o prazer. A primeira vez que
vi algo relativo a essa prática foi num episódio da
série americana "Six Feet Under" que no prólogo sempre
mostrava uma morte e na segunda temporada teve uma
personagem que morreu assim. Encontrei na Bíblia que o
primeiro caso documentado ocorreu no século XVIII.

É por essas e outras que em relação a sexo não há
mais nada para inventar, só reciclamos as práticas.
Há séculos fazemos todo tipo de sacanagem mas até
hoje não aceitamos socialmente os bacanais do
Calígula nem a homossexualidade de Alexandre, o Grande.

A água bate há séculos mas essa rocha ninguém fura.

Beyoncé e as castas hereditárias - Parte I


Tendo em vista o novo buzz em torno da
cantora Beyoncé devido a sua consagração
na cerimônia do Grammy, trago a vocês um
artigo sobre como se deu a sua ascensão
através de seus antepassados.

Os Panteras Negras estavam cansados de trabalhar
nas minas do meio-oeste mas alguns anos depois
teriam motivos para agradecer o tempo sofrido.
As batidas das picaretas que lhes foram dadas foram as
bases para o reflorescimento da intuição rítmica latente
que estava alojada em seus genes mas que não encontrava
meios de expressão no vale modorrento.

O vento constante faria soar notas se pudesse
chacoalhar as folhas que as árvores não tinham.
As picaretas é que cortavam o vento e soavam
notas nas rochas e se cantava a "Elegia do moribundo".
Quase posso ouvir os passos e os grãos de poeira
esfumaçando na minha frente.

A alienação não durou como o esperado e a guerrilha
avançou e pôs-se fora dos campos que muito barrentos
seriam se lhes fosse mandada alguma chuva...

*
Como o tempo está muito bom, vou treinar para
a meia-maratona que vou fazer em Abril.
A segunda parte fica para algum
outro momento.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Quem eu fui um dia nº4


Júnior
O que faço: Comentarista
O que fazia: Jogador de futebol de grama e de areia

"Eu batia um bolão na grama, cansei e fui bater na areia"
"Eu batia um bolão na areia, cansei e virei comentarista"

O blowjob da Tess


Estamos no ano de 1960 e o ator Klaus Kinski não está
satisfeito com o caminho que sua carreira segue.
Achando que não estava tendo seu talento suficientemente
reconhecido pelos alemães, parte para uma temporada em
Viena e lá conhece Werner Herzog, o diretor que o transformaria
não em um astro popular, como ele queria, mas em um ator
reconhecido no mundo do cinema e relativamente famoso.

Mas a fama cobraria um preço: no curto período que viveu
em Viena nasceu sua filha, que cresceria sem a presença
do pai, mais preocupado com sua carreira que com a prole.

Nastassja cresceu e, para desgosto do pai, resolve tornar-se
atriz mas haja vista a contrariedade de Klaus prefere começar
a carreira sem assumir a identidade, pedindo uma chance por
seus atributos e não por seus laços familiares.

Nastassja consegue alguns papéis por seus atributos mas não
os atributos que ela desejava mostrar e, não vendo outra
alternativa, aceita o papel de protagonista em "Deep Throat VII"
mas posteriormente desiste em virtude do surgimento de
Roman Polansky oferecendo-lhe uma personagem que poderia
dar uma guinada em sua carreira.

Admirado com a beleza da jovem, Polansky convida a moça para
um teste em sua casa de modo que pudesse ter certeza que
ela era a pessoa certa para estrelar "Tess".

Nastassja chega na casa de Polansky que a chama para o quarto.
A atriz nota um volume estranho nas calças do diretor que notando
a tez da moça pergunta a idade dela e como ela responde que aca-
bara de fazer dezoito, Polansky estranhamente se irrita e pede que
ela volte no dia seguinte para vê-la caracterizada.

E assim surge Nastassja Kinski. Sem precisar engolir gala.
Por pouco.

*

Se procura o suposto bola-gato da @twittess, recomendo procurar na casa do carvalho.