domingo, 28 de fevereiro de 2010

Eu sou racista


Pra fechar uma trilogia, falemos de como se manifesta meu
racismo. Estou me abrindo pra você, por que você não se
abre pra mim?

O racismo implica em impingir a um homem determinadas
características, especialmente de personalidade, de acordo
com a quantidade de melanina que aquele sujeito carrega no
DNA.

Sempre que tenho contato com um sujeito branco penso que
ele não está dando a mínima para o que estou falando. Tudo
o que importa, para ele, é que sou um mulato e ficando
calado ainda estaria errado. Mesmo sabendo, conscientemente,
que nem todo branco tem esse pensamento, é, quase sempre,
assim que penso, é a muleta que preciso para me achar melhor,
por não compartilhar desse nocivo sentimento, mas, contradição
da contradição, me achando melhor por ele, supostamente,
se achar melhor estou compartilhando do sentimento e então
me igualando.

Mas um detalhe não desprezível é que esse jogo, que só eu
dou as cartas pois o outro jogador é inerte, parece se tratar
de uma diversão mental do meu inconsciente. É meu cérebro
brincando com a minha racionalidade. Ele sabe que sentimentos
não me movem, nem sequer levantam meu pau(ou muito menos).
Então ele quer me dizer que eu posso saber de tudo, posso não
ser dominado pelas frequências criadas por ele, mas elas sempre
estarão lá, mas nem eu sirvo ele, destilando irracionalidade, nem
ele me serve, livrando minha cabeça destes pensamentos inúteis,
que em nada me abalam mas definitivamente me tiram o foco das
coisas que realmente me interessam, e "ele" sabe quais são mas
jamais vai se curvar a mim e assim ficamos nesse impasse.

A verdade é que fora esses pensamentos mundanos, me espanto
com minha falta de sentimento(o que não deve ser confundido com
brutalidade gratuita), me sinto como se fosse um juiz universal que
veio para julgar a humanidade, não me achando um Jesus mas
como um Balzac ou Victor Hugo, que nada mais fizeram senão um
julgamento da sociedade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário